In (Y)our Shoes #1 - Moullinex
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24 Janeiro 2022

In (Y)our Shoes #1 - Moullinex

In (Y)our Shoes #1 - Moullinex

In (Your) Shoes é uma nova rúbrica com que iniciamos 2022, onde iremos convidar personalidades de várias áreas, desde moda e design, passando pela música, artes e outras, para nos falarem um pouco da sua relação com o calçado e a moda em geral. Com vários convidados ao longo do ano, iremos descobrir um pouco mais sobre o seu background e experiências de vida, bem como sobre a importância da moda e calçado nas suas vidas. 


Arrancamos da melhor forma, com Luis Clara Gomes aka Moullinex — DJ, produtor, artista e músico multi-instrumentalista, que aceitou o convite para visitar as nossas instalações e conhecer a Ambitious. Deixamo-vos com um registo fotográfico e em vídeo da sua visita, bem como da conversa que tivemos com ele. 




A: Olá Luís, antes de mais muito obrigado por teres aceite o nosso convite, é um prazer ter-te connosco a inaugurar esta rúbrica. Lançaste o teu último álbum, Requiem for Empathy, no ano de 2021, em plena pandemia. Como foi criar música durante esse período?

L: Não foi fácil! Na verdade, havia terminado parte do disco estava fechado antes da pandemia começar, sendo que compus o tema Luz a meias com o GPU Panic durante o primeiro confinamento, e optei por incluí-lo no alinhamento do disco por fazer sentido musical e conceptualmente. Foi para mim um período difícil para criar música, sobretudo porque sempre que o faço imagino-a a ser tocada numa pista de dança, algo que nos havia sido retirado. Canalizei os meus esforços criativos no sentido das artes visuais, com as quais ocupei grande parte do ano de 2020.


A: Como foi o processo de interagir com os outros músicos e artistas convidados à distância, sem a possibilidade de criarem em proximidade? Foi algo desafiante ou a que já estás acostumado de trabalhos anteriores?

L: Apesar de preferir sempre colaborar no mesmo espaço físico, já estou habituado a fazê-lo à distância. A proximidade introduz vulnerabilidade e outros aspectos de comunicação não verbal que considero muito importantes no processo criativo, mas, por outro lado, a possibilidade de cada um dos intervenientes poder trabalhar no seu espaço e a seu ritmo também pode dar resultados bonitos.


A: Consideras que as tuas vivências durante a pandemia de certa forma se refletem numa sonoridade mais introspetiva e sombria e mesmo numa estética mais minimalista em relação aos álbuns anteriores?

L: Acho sempre que a minha música é uma resposta ao que sinto, vejo-a como uma forma de terapia, e deixa-me muito feliz saber que ela pode ter o mesmo efeito noutras pessoas. A sonoridade talvez mais introspectiva surgiu-me ainda em 2019, em resposta a algumas crises que atravessei na minha vida pessoal, e ponderei se devia ou não deixá-la presente na música que faço como Moullinex. Acho que podemos dançar para “espantar os males”, e foi o que pretendi fazer com este disco.


A: Sentes que num pós-pandemia o mundo necessita de mais empatia? Daí o apelo que fazes neste álbum?

L: Para mim é evidente.  A polarização do mundo a que assistimos prende-se com a incapacidade de nos colocarmos no lugar do outro.


A: Como tem sido o regresso aos palcos? Sentes que o público português estava desejoso de voltar a sair, dançar e ouvir boa música?

L: O público, eu e todos os músicos e técnicos com que trabalho! O regresso aos palcos foi uma verdadeira catarse, e senti de facto um loop de euforia que nos chegava do público e ao qual respondemos de volta com euforia. De facto, a experiência colectiva de música ao vivo é insubstituível, e a pandemia só veio reforçar essa ideia.


A: Passando agora um pouco para o mundo da moda, é fácil de perceber que tens uma preocupação com o aspeto estético em tudo aquilo que fazes. O teu estilo pessoal identifica-se com o profissional? Isto é, há coisas que o Moullinex usa que o Luís não vestiria?

L: Não há distinção, na verdade. O meu estilo pessoal é bastante funcional, talvez como a minha música: procuro objectos pensados com um propósito, mas sou muito sensível à estética, procurando texturas evocativas, harmonia, leveza e conforto. São características que procuro na música também.


A: Ficaste conhecido pelas camisas coloridas e com padrão que usavas nos teus sets, chegaste a contar-nos que já haviam até apostas sobre a cor que irias usar na próxima vez. São a tua peça favorita ou tens um novo staple?

L: Sinceramente, nunca mais usei camisas com padrão! Não reflectindo muito sobre o tema, senti que estava a usá-las muito como muleta, como opção segura. Nunca fico muito confortável com opções seguras, há uma parte de mim que deseja sempre estar num território não totalmente confortável: isso traduziu-se em romper com as camisas e procurar tons monocromáticos.


A: Qual é a tua relação com a moda em geral, que papel tem na tua vida? É algo mais utilitário ou um veículo de expressão?

L: Vejo a moda como ambos. No entanto, é raro privilegiar forma sobre função, para mim se uma peça não cumpre a sua função então não faz sentido. No entanto, a forma como nos vestimos tem um impacto directo sobre a forma como nos sentimos e o que comunicamos aos outros sobre nós, então, nesse sentido, até as peças puramente estéticas podem ter uma função. Como todas as artes, a moda pode ser evocativa e inspiradora.


A: Temos, claro, que falar de calçado. Nos pés, o que trazes: a) sapatilhas b) sapatos c) botas d) sandálias?

L: Praticamente sempre sapatilhas, ocasionalmente sapatos em circunstâncias específicas, botas apenas quando o tempo está péssimo, e sandálias, francamente, nunca.


A: Quando te oferecemos um par à escolha da nossa última coleção, escolheste uma ECLIPSE, um dos nossos modelos mais minimalistas. Essa estética é algo que valorizas nas tuas sapatilhas? Que outros aspetos consideras fundamentais?

L: Em linha com a minha admiração pelo design minimalista e funcional, gosto de sapatilhas simples, e que têm a possibilidade de adquirir personalidade com o uso prolongado. Sou muito fiel a modelos que gosto, usando-os até à exaustão. A textura dos materiais é para mim uma forma muito subtil de uma peça ter individualidade, e foi o que senti nas ECLIPSE.


A: Agora que tiveste oportunidade de visitar a fábrica da Ambitious, fazias ideia dos processos e número de intervenientes que estão na criação de uma sapatilha? O que achaste da experiência?

L: Achei a experiência fascinante, sobretudo por ser obcecado com processos de construção de algo complexo (podem tirar o rapaz da engenharia mas não tiram a engenharia do rapaz). Gostei principalmente de descobrir um processo altamente tecnológico associado à experiência humana, feita por verdadeiros artesãos. Essa dicotomia entre a complexidade tecnológica de ponta e as técnicas tradicionais é das coisas que mais me inspiram, na realidade.



Fonte

Ambitious

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